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Origem das Misericórdias

A Rainha D. Leonor, viúva de D. João II, sendo Regente em nome de D. Manuel I – então ausente em Castela, onde fora para ser jurado herdeiro daquele Reino – fundou solenemente a Irmandade da Misericórdia, a 15 de Agosto de 1498, na capela do Claustro da Sé de Lisboa, onde existira desde o século XIII (em tempo do Rei D. Sancho II) uma Confraria da invocação de Nossa Senhora da Piedade. Ao regressar de Castela, D. Manuel I aprovou a fundação da Confraria e solicitou do Papa Alexandre VI uma bula que a confirmou. Foi primeiro provedor um frade espanhol, Miguel Contreras, relator do “Compromisso” da instituição.

Segundo o Prof. Dr. Ângelo Ribeiro, in “HISTÓRIA DE PORTUGAL”, da direcção do prof. Dr. Damião Peres, “D. Leonor de Lencastre, que sobreviveu ainda vinte e sete anos à fundação da Misericórdia de Lisboa, viveu este últimos anos no recolhimento do seu Paço de Santo Elói, em Xabregas, no local onde hoje se ergue o Asilo de Maria Pia, visitando a miúdo o convento da Madre de Deus, de sua fundação, em cujo claustro quis ser sepultada, em campa rasa. Quando morreu, a mais preciosa das suas benemerências iluminava o século. A nova luz atraía os corações. As almas compassivas reservaram legados e doações – que antes de dispersavam pelos mosteiros e igrejas – à nova Instituição, de mais carácter laico do que clerical. O espírito de uniformidade e centralização, que agitava o século, fez o resto. Ao findar este período da história Portuguesa, a Misericórdia domina todas as instituições de beneficência, sobrepondo-se-lhes, substituindo-se-lhes. Se, porém, Leonor de Lencastre deu força executiva à ideia do trinitário, se este concebeu o plano e deu forma à admirável organização, não esqueçamos que as Misericórdias são ainda, e sobretudo, obra popular. Recordemos que metade dos seus corpos dirigentes deveria pertencer à classe dos oficiais mecânicos, dos trabalhadores, a outra metade a gente da melhor condição, naturalmente a burgueses abastados. Foi o povo que deu vigor, vitalidade à Instituição, assegurando-lhe continuidade, fazendo-a progredir, trazendo-a triunfantemente até aos nossos dias”.

(In opúsculo “Subsídios para a História da Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis no seu primeiro centenário 1891-1991”»
Autor: António Leite Pinheiro de Magalhães)